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FC Porto 1 - Sporting 0
Inteligência ao pormenorCARLOS MACHADO
Um golo esperto penalizou uma falta idiota e mudou o rumo recente
da história, que nos confrontos entre Jesualdo Ferreira e Paulo
Bento falava de um empate e duas vitórias verde e brancas. O FC
Porto venceu um Sporting que esteve 26 jogos sem perder mas que ontem não
justificou pontuar no Dragão. É verdade que os da casa decidiram
a partida com um pormenor inteligente, construído a meias por Raul
Meireles e Lucho Gonzalez, mas o fluxo de jogo portista da primeira parte,
especialmente da meia hora inicial, justificava a existência de um
vencedor. No resto do tempo as equipas equivaleram-se, cada uma esgrimiu
os seus argumentos e conferiram ao encontro o tom emotivo e competitivo
de um clássico.
Do clássico pode dizer-se que não forneceu qualquer novidade.
Jesualdo Ferreira e Paulo Bento impuseram os esquemas que trabalham, não
se preocuparam em ajustamentos ao adversário e cada equipa produziu
o que foi capaz. Mesmo quando o Sporting jogou o quarto-de-hora final com
três defesas não se pôde falar de inovação,
pois é sabido ser esse o esquema alternativo dos leões. A
perder, Paulo Bento deitou mão dele e louve-se-lhe a coragem por
isso, mas o FC Porto de ontem jogou como os respectivos adeptos esperam
que jogue o campeão nacional: a impor o seu jogo, a sua estratégia
e a transmitir desde o início o desejo de controlar as operações.
Por isso não lhe foi complicado guardar a vantagem.
Porta aberta à direitaUtilizando o 4-3-3 que lhe é habitual, com Lisandro Lopez
a ponta-de-lança e Postiga no banco, conforme o esperado, o FC Porto
entrou com uma dinâmica ofensiva que perturbou o esquema sportinguista,
cuja (habitualmente) enleante teia do meio-campo não funcionou como
devia durante tempo suficiente para que os da casa pudessem ter feito um
ou dois golos. Faltou-lhes eficácia concretizadora. Com o esquema
de entreajudas do Sporting a funcionar de forma deficiente, o FC Porto
escolheu a ala direita como porta de entrada, tendo Tarik, Bosingwa e por
vezes Quaresma infernizado a vida a Ronny. Foram 30 minutos complicados
para a equipa de Alvalade, que raramente conseguia sacudir a pressão
portista, exactamente porque o seu meio-campo não era capaz de lutar
de igual para igual com o do adversário. Izmailov perdia o combate
com Raul Meireles, Romagnoli não se libertava de Paulo Assunção,
Moutinho hesitava entre tapar Lucho e ajudar Ronny, Miguel Veloso corria
à dobras. Demasiado esforço defensivo para haver construção.
Tarik, muito bem a combinar com Bosingwa e a apostar no um contra um,
esteve ligado a duas situações de golo eminente, duas bolas
que deu para que alguém as “encostasse” para a baliza, mas no primeiro
caso ninguém fez a emenda e no segundo Lucho atirou ao lado. A fechar
o período de domínio portista, Quaresma voltou a pôr
a nu o já evidente nervosismo do guarda-redes Stojkovic, pois bateu
um livre obre a esquerda, mas de longe, e a bola passou por cima do guardião,
que mede 1,95 metros!, e bateu na barra.
Gritam Moutinho e Paulo BentoO estrondo da bola no ferro parece ter despertado os leões.
O primeiro grito de revolta foi dado logo a seguir. Mesmo parado, a uns
30 metros da baliza, João Moutinho armou o pontapé e fez
a bola passar ao lado da baliza de Helton. A partir daí os leões
reorganizaram-se e tornaram as acções defensivas menos penosas
até ao intervalo, altura em que Paulo Bento fez o resto do trabalho
e deixou a equipa em condições de discutir o resto do jogo.
Transfigurado, o Sporting apresentou-se mais forte na segunda metade.
E carregou sobre Pedro Emanuel, Bruno Alves e companhia, chegando a ideia
de que conseguiria assumir o controlo. Do lado contrário, Jesualdo
trocou Tarik por Postiga, passando Lisandro para a esquerda e Quaresma
para a direita. Só que Ronny já tinha fechado a porta e a
dinâmica sportinguista não permitia, agora, que houvesse desequilíbrios.
Mesmo demorando alguns minutos a reagir, o FC Porto não se deixou
encostar, mas cedo beneficiou da infantilidade de Stojkovic e colocou-se
em vantagem.
Paulo Bento trocou Izmailov por Vukcevic, perdendo em luta mas ganhando
capacidade de passe. Mas não ficou muito tempo à espera para
ver se a permuta de uma peça lhe resolvia a questão. De uma
assentada, tirou os laterais (Abel e Ronny) e fez entrar Pereirinha e Djaló,
passando a jogar com Tonel, Polga e Veloso como únicos defesas.
Mesmo recuando um pouco, o FC Porto, que nesta altura já tinha Mariano
no lugar de Meireles, controlou a situação sem ter passado
por momentos de sofrimento. A entrada de Bolatti a cinco minutos do fim
justifica-se com a necessidade de guardar os pontos, que só mesmo
um dislate de Helton (largou uma bola que chegou a ter entre as mão)
poderia ter feito perigar.
FC Porto 1 - Sporting 0estadio Dragão, Porto
relvado bom estado
49 709 espectadores
Pedro Proença [AF Lisboa]
Tiago Trigo + Ricardo Santos
Vasco Santos
FC PortoTreinador Jesualdo Ferreira
1 |Helton GR
12 |Bosingwa LD
2 |Bruno Alves DC
3 |Pedro Emanuel DC
13 |Fucile LE
6 |Paulo Assunção MD
8 |Lucho MO
16 |Raul Meireles MD a 67’
17 |Tarik Sektioui AD a INT
9 |Lisandro AV a 85’
7 |Quaresma AE
-
33 |Nuno GR
4 |Stepanov DC
5 |Cech LE
18 |Bolatti MD a 85’
20 |Leandro Lima MO
11 |Mariano AD a 67’
23 |Postiga AV a INT
GOLOS
1-0|52’
Raul Meireles
Amarelos
33’ Quaresma |86’ Bosingwa | 90+4’ Helton.
VERMELHOS
Nada a assinalar
SportingTreinador Paulo Bento
34 |Stojkovic GR
78 |Abel LD a 76’
13 |Tonel DC
4 |Polga DC
8 |Ronny LE a 76’
24 |Miguel Veloso MD
7 |Izmailov MO a 62’
28 |João Moutinho MO
30 |Romagnoli MO
31 |Liedson AV
11 |Derlei AV
-
16 |Tiago GR
3 |Marian Had LE
26 |Gladstone DC
25 |Pereirinha MO a 76’
21 |Farnerud MO
10 |Vukcevic MO a 62’
20 |Yannick Djaló AV a 76’
Amarelos
52’ Derlei | 54’ Tonel | 73’ Polga
VERMELHOS
Nada a assinalar