Os perigos dos cosméticos
Os cuidados que deve ter para que os seus cremes e produtos de maquilhagem não se revoltem contra a sua pele
PCHC. A sigla, à primeira vista enigmática, traduz aquilo que a legislação define como produtos cosméticos e de higiene corporal.
Dito de outra forma, os melhores amigos da sua imagem. A lei, essa, entende-os como «toda a substância ou preparação que se destina a limpar, perfumar, proteger, manter em bom estado, corrigir odores corporais ou modificar».
Mas não é só isso que tem a dizer. Define, por exemplo, regras relativamente à sua rotulagem e prazos de validade. Nas embalagens dos produtos cosméticos, ainda que haja excepções, deve encontrar a data de validade mínima quando esta for inferior a 30 meses (verá a frase «a utilizar de preferência antes do final de...»).
Caso a validade exceda os 30 meses, o cosmético deverá apresentar o período após abertura em que pode ser usado, num símbolo semelhante ao de um boião aberto. A lei cumpriu o seu papel, a indústria cosmética respeitou o seu, cabe-lhe a si seguir as indicações.
O factor validade
A maioria dos cosméticos é rica em conservantes que garantem a sua imunidade a bactérias e fungos (que adoram o facto destes produtos possuírem uma elevada percentagem de água). No entanto, esta acção é limitada no tempo.
O respeito pelo seu prazo de validade é, portanto, uma das regras-base da boa utilização deste tipo de produtos. Caso não o faça prepare-se para a possibilidade de ocorrer uma reacção cutânea adversa.
«A fórmula pode desestabilizar-se e causar vermelhidão, descamação, inchaço, irritação. Muito provavelmente o ingrediente activo pode não ser tão potente e, assim sendo, o cosmético perde eficácia», revela Kenneth Mark, dermatologista.
Tenha ainda em conta que o local onde guarda os seus cosméticos assim como a forma como os aplica também podem condicionar a sua longevidade e qualidade.
Maquilhagem contaminada
A questão da validade também se aplica aos produtos de maquilhagem. Por exemplo, se insistirmos em usar rímel ou sombra para além da sua validade (em média duram entre seis a 12 meses), os olhos poderão ser lesados.
Como explica Luís Gouveia Andrade, oftalmologista, «os problemas mais relatados são as inflamações das pálpebras e as lesões da córnea que originam dor, ardor, sensibilidade à luz e vermelhidão».
«Em pessoas com tendência para alergias, esses riscos são mais acentuados, recomendando-se às mulheres com esse problema que deitem fora os produtos com mais de três meses», reforça.
«Ao fim desse tempo, os agentes preservantes perdem a sua eficácia e o risco de contaminação é maior. Por outro lado, os próprios ingredientes oxidam em contacto com o ar, o que os torna mais irritativos», acrescenta.
Outro erro a evitar é a partilha de instrumentos ou produtos de maquilhagem. O risco de virmos a desenvolver conjuntivite ou herpes graças a material contaminado é real.
Como explica o oftalmologista, «muitas bactérias, fungos e alguns vírus apresentam uma elevada resistência e podem persistir durante vários dias».