A teoria da invasão MRO para as experiências de quase morte explica as aparentes alucinações (em inglês) que acompanham as EQMs, ao passo que outro aspecto continua sendo um mistério. Como uma pessoa pode ver seu corpo depois de ter morrido? Embora as experiências fora do corpo tenham sido, algumas vezes, relatadas como parte de experiências de quase morte, elas também podem acontecer sozinhas, indicando que são diferentes das EQMs.
Uma pesquisa mostra que diferentes partes
do cérebro podem ser responsáveis pelas experiências fora do corpo e pelas experiências de quase morte
Isso foi descoberto em uma pesquisa quase acidental. Para descobrir a causa dos ataques epiléticos (em inglês) de uma paciente de 43 anos, o neurologista suíço Olaf Blanke fez um teste de mapeamento cerebral usando eletrodos plantados no cérebro para determinar que área controlava determinadas funções. Enquanto uma região era estimulada, a mulher teve uma repentina experiência fora do corpo. Ela disse para Blanke que pôde ver seu corpo por cima [fonte: New York Times].
Blanke determinou que, ao estimular eletricamente o giro angular, uma parte da junção temporal parietal, ele poderia induzir EFCs. O que é extraordinário é que a paciente experimentou uma EFC a cada vez que seu giro angular foi arbitrariamente estimulado.
A qualquer momento o cérebro é atingido por informações. Como resultado, ficamos insensíveis às visões e sons em nosso redor, como o zumbido de uma lâmpada fluorescente. A junção temporal parietal (JTP) é responsável pela classificação e organização dessas informações em um pacote coerente.
A JTP também é a região que controla a compreensão que temos de nosso próprio corpo e de sua situação no espaço. Blanke acredita que um problema nessa região é o que causa as EFCs. Se qualquer uma das informações que está sendo classificada pela junção temporal parietal ficar cruzada, então aparentemente podemos nos desprender dos limites de nosso corpo - mesmo que apenas por um momento.
Tanto a teoria de Blanke como a da Universidade de Kentucky explicam as EFCs e EQMs, mas e quando juntamos as duas para uma explicação para experiências como a de Pam Reynolds? Isso ainda não responde como ela e outras pessoas se viram fora de seus corpos enquanto se encontravam em estado de morte cerebral.
As EQMs podem ser um resultado da invasão MRO, ativada no tronco cerebral, mas as EFCs são controladas por uma região da parte superior do cérebro, que está clinicamente morta quando as EQMs acontecem. Além disso, parece lógico acreditar que a parte superior do cérebro ainda precisa funcionar para interpretar as sensações produzidas pela invasão MRO acionada no tronco cerebral.
Mesmo que a combinação da teoria da Universidade de Kentucky e a de Blanke não explique as EQMs, isso não significa que elas estejam erradas. Pesquisas em uma área sempre levam a atalhos em outras. Talvez descubramos que uma função orgânica pode estar por trás das EQMs.
Se a neurologia aparecer com a explicação definitiva para as EQMs, o mistério ainda pode continuar. A ciência poderia explicar o "como", deixando o "porquê" sem resposta. Descobrir uma explicação para as EQMs pode abrir uma porta para o mundo metafísico, que poderia ser muito explorada pela ciência.
Como o físico dr. Melvin Morse escreveu, "o fato de as experiências religiosas (em inglês) serem baseadas no cérebro, não diminui seu significado espiritual. Na verdade, pode-se argumentar que as descobertas de substratos neurológicos em experiências religiosas fornecem evidências de sua realidade objetiva"