Portugueses não acreditam em condenados no 'Apito Dourado'
RENATO SANTOS
JORGE MIGUEL GONÇALVES (imagem) Os arguidos no
megaprocesso de investigação sobre alegada corrupção e fraude
desportiva que tem assolado o futebol em Portugal, o processo "Apito
Dourado", não deverão ser condenados em tribunal. Esta é a opinião da
maioria dos portugueses inquiridos pela Marktest para o barómetro do DN
e da TSF.
Das 815 pessoas questionadas sobre se na sequência do processo "Apito
Dourado" algum arguido será condenado em tribunal, 55% responderam que
"não". Só 23% acreditam em condenações. Os restantes 22% dizem não
saber e 0,4% recusaram-se a responder. Do universo dos que dizem não
acreditar em condenações, 448 pessoas, 230 homens e 218 mulheres,
metade dos cépticos têm entre 18 e 34 anos e os restantes entre 35 e
54, sendo a maioria da Grande Lisboa e pertencente à classe média
alta/alta. O inquérito não responde ao pessimismo à volta das
condenações, mas o longo período de investigação, que começou em Abril
de 2004 e ainda está em curso, poderá contribuir para a falta de crença
em condenações, ao contrário do que ocorreu em Itália, onde vários
dirigentes foram detidos e, o exemplo, a Juventus foi despromovida à
Série B.
Recorde-se que neste processo são arguidos personalidades como Pinto da
Costa, presidente do FC Porto, Valentim Loureiro, ex-presidente da Liga
e presidente da Câmara de Gondomar, Pinto de Sousa, ex-presidente do
conselho de arbitragem da Federação, além de vários árbitros.
Acções da SAD
Sobre o investimento em sociedades anónimas desportivas (SAD), empresas
que gerem o futebol profissional dos clubes, 97,5% dos inquiridos
afirmaram que não o fazem. Só 2% de um universo de 815 pessoas dizem
que têm dinheiro aplicado em acções deste tipo de empresas.
Confrontados com a paixão clubista, isto é, se admitem comprar acções
de um clube do qual não são adeptos ou simpatizantes, a resposta é
clara: 86,7% afirmam que não. Apenas 9% dizem que investiriam em outros
clubes que não o seu e 4,1% confessam não saber. Na origem do fraco
entusiasmos por acções do futebol devem estar as elevadas perdas que se
têm registado nos títulos de Benfica, FC Porto e Sporting.|