Como funciona a bruxaria

Introdução

Talvez você tenha lido todos os livros de Harry Potter e assistido a cada episódio de Charmed (em inglês) ou Bewitched (em inglês), então você acha que sabe tudo sobre bruxaria. Contudo, as bruxas modernas não se encaixam exatamente na maioria dos personagens de TV e cinema que você viu.

reunião de espíritos livres


Reunião dos Espíritos Livres 2004

Elas são boas? Elas são más? Elas lançam feitiços para fazer coisas ruins acontecerem?

A verdadeira definição de uma bruxa, bem como a história das bruxas em geral é amplamente debatida. Muitos textos descrevem a bruxaria como pactos com o diabo em troca de poderes para fazer o mal e prejudicar os outros. Embora isso possa ter alguma verdade em certas seitas, para a maioria das bruxas modernas isso está muito longe de suas crenças e práticas reais.

Neste artigo, iremos nos aprofundar no misterioso e secreto mundo da bruxa moderna, passar pela disputada história da bruxa, descobrir por que o Halloween é uma grande noite para elas e dar uma olhada em alguns de seus rituais.

As bruxas através dos anos
Bruxaria oficial
A lei romana distinguia entre mágica boa e mágica ruim. Enquanto a magia ruim (com a exceção do assassinato) era punida com uma multa, prisão ou exílio, a boa magia (que era a cura e a adivinhação) era oficialmente sancionada pela lei romana.
A crença na magia e na bruxaria existe desde o início dos tempos. O homem primitivo pagava tributo aos deuses e deusas que governavam seu mundo e traziam colheitas saudáveis e invernos amenos. A idéia da magia surgiu quando as coisas não iam muito bem: ela cresceu do caos que acompanhava um clima ruim, doença ou escassez de alimentos. Quando os tempos eram difíceis, os xamãs, médicos, bruxas e outros tipos de feiticeiros lançavam feitiços e realizavam rituais para canalizar o poder dos deuses. A canalização desse poder tinha resultados mistos: as bruxas, que eram principalmente mulheres, eram originalmente vistas como sábias curandeiras que tanto poderiam cultivar quanto destruir; essa crença em seu poder levou ao medo e este forçou as bruxas a viverem como proscritas.

Quando o Cristianismo consolidou-se na Idade Média, as bruxas que realizavam magia eram vistas como adoradoras do diabo que realizavam Missas Negras, enfeitiçavam as pessoas e voavam por aí em vassouras. Essa também foi a época da Reforma (em inglês), que começou como uma tentativa de reformar a Igreja Católica Romana, mas resultou na criação das Igrejas Protestantes. Embora tenha ocorrido principalmente no século XVI, suas raízes remontavam ao século XIV - praticamente a época em que a caça às bruxas começou.

As caçadas às bruxas na Europa e colônias européias começaram em torno de 1450 e durou até 1750. Como havia muitas epidemias (como a Peste Negra) e outros desastres naturais, os surtos de histeria coletiva levaram a apontar as bruxas e a bruxaria como réus.

Durante os vários julgamentos de bruxas, os acusadores geralmente usavam tortura extrema para extrair "confissões" das presumidas bruxas. Inúmeras bruxas foram executadas por enforcamento ou queimadas em público.

Os julgamentos de bruxas em Salem
Em 1692, em Salém, Massachussets, ouve um surto de caçadas às bruxas e julgamentos de bruxas que começou com um comportamento meio estranho de duas jovens garotas. As garotas estavam tendo convulsões e gritando que estavam sendo beliscadas ou mordidas. O doutor que as examinou eventualmente decidiu que estavam sob algum tipo de encantamento ou feitiço. Uma a uma, as mulheres na cidade de Salém e até mesmo nas áreas vizinhas começaram a ser acusadas de bruxaria.

A empregada da família de uma das garotas era das Antilhas e admitiu na corte transações com o diabo. Esse testemunho aumentou a histeria que já existia. Os residentes de Salém então ficaram certos de que o diabo estava vivo e muito ativo em sua terra - e quem sabia o que aconteceria a seguir.

Durante um período de nove meses, mais de 100 pessoas foram aprisionadas por serem bruxas e 20 foram executadas. Finalmente, uma nova corte foi constituída para substituir a Corte Geral, que estava fazendo os julgamentos. Esta corte, a Corte Superior de Magistratura, reverteu a política da corte anterior. Deste ponto em diante, apenas três pessoas a mais foram consideradas culpadas de bruxaria e foram posteriormente perdoadas.

As teorias atuais são variadas com relação ao que realmente estava errado com as duas jovens garotas que começaram tudo isso. Alguns dizem que elas eram boas atrizes e uma vez que tinha começado e visto toda a atenção que estavam conseguindo, tinham que continuar. Outra teoria é que elas realmente tinham histeria clínica, o que poderia explicar as convulsões.

Bruxaria moderna

Fotografia cedida pela Witch's Voice Festa das Estrelas 2004, um festival pagão

A bruxaria é uma religião pagã. As religiões pagãs cultuam divindades múltiplas
em vez de um único Deus. O paganismo é uma das mais antigas religiões e
inclui todas as religiões que não são cristãs, muçulmanas ou judias, o
que significa que o Paganismo inclui as religiões hindus, budistas,
taoístas, confúcias e dos índios americanos, bem como todas as outras
religiões. De acordo com o Pesquisador de Fatos Cambridge de 1998, o Paganismo representa 50 % de todas as religiões. A palavra "pagão", na verdade, se deriva do latim pagini ou paganus,
palavras que significam "terra" ou "habitante doméstico" ou, mais
simplesmente, "camponês" - as pessoas rotuladas como pagãos eram
consideradas inferiores aos que viviam nas cidades. Contudo, isso não
significa que essas pessoas eram más. O medo da bruxaria começou a
prevalecer por volta de 1450 quando as pessoas começaram a associar a
bruxaria e o paganismo com adoração ao diabo.
Tipos de bruxaria
Há
muitos tipos de bruxaria, muitas das quais se sobrepõem e todas podem
ser definidas de modos diferentes por pessoas diferentes, mas há
algumas diretrizes rudimentares para suas designações.

• Bruxaria africana:
  há muitos tipos de bruxaria na África. O Azande da África central
  acredita que a bruxaria causa todos os tipos de infelicidade. O
  presente da bruxaria, conhecido como mangu, é passado de pai
  para filho. Aqueles que possuem o mangu nem mesmo estão conscientes
  disso e realizam a magia inconscientemente enquanto dormem.
  
• Mágica popular apalachiana:
  aqueles que praticam bruxaria nas montanhas Apalaches vêem o bem e o
  mal como duas forças distintas que são conduzidas respectivamente pelo
  Deus Cristão e pelo Diabo. Eles acreditam que há certas doenças que sua
  magia não pode curar. Também acreditam que as bruxas são abençoadas com
  poderes paranormais e podem realizar magia poderosa que pode ser usada
  tanto para propósitos bons quanto maus. Eles buscam profecias e
  presságios do futuro na natureza.
  
• Bruxaria verde:
  a bruxa verde é muito similar a uma bruxa de cozinha/caseira (veja
  adiante) com a exceção de que a bruxa verde pratica nos campos e na
  floresta para estar mais perto do espírito divino. A bruxa verde faz
  suas próprias ferramentas a partir de materiais acessíveis ao ar livre.
  
• Bruxaria solitária: uma bruxa solitária não é
  parte de um grupo ou coven. Essa bruxa pratica magia sozinha e trabalha
  mais com as artes verdes, curas herbais e feitiços. Nos dias
  primitivos, os bruxos solitários eram homens ou mulheres sábios que
  curavam doenças e forneciam conselhos. Eles podem ser de qualquer
  religião e são considerados bruxos tradicionais (veja adiante).
  
• Bruxaria hereditária: os bruxos hereditários acreditam em "dons" da arte que nascem com um bruxo, sendo passados das gerações anteriores.
  
• Bruxaria Hoodoo/Invocação/Fundamental:
  o Hoodoo é um tipo de magia popular afro-americana que combina as
  práticas folclóricas e crenças africanas com conhecimento botânico
  indo-americano e folclore europeu. O Hoodoo usa as propriedades mágicas
  das ervas, raízes, minerais (especialmente magnetos), partes de animais
  e as posses pessoais e fluidos corporais das pessoas.
  
• Bruxaria de cozinha/caseira:
  um bruxo de cozinha, ou bruxo caseiro, pratica a magia perto da terra e
  residência. A residência é um lugar sagrado e o uso de ervas é usado
  freqüentemente para trazer proteção, prosperidade e cura. Os bruxos de
  cozinha freqüentemente seguem mais de um caminho da bruxaria.
  
• Bruxaria luciferiana: o
  luciferianismo é freqüentemente confundido com o satanismo por ser a
  adoração de uma divindade chamada Lúcifer, mas a magia luciferiana é
  usada tanto para o bem quanto para o mal.
  
• Feitiçaria alemã da Pensilvânia ou "Pow-wow":
  quando os alemães chegaram pela primeira vez na Pensilvânia, os
  americanos nativos estavam lá, então o termo "pow-wow" para descrever
  essa prática pode ter surgido das observações das reuniões indígenas.
  Os Pow-wows incluem feitiços e encantamentos que remontam à Idade
  Média, bem como elementos emprestados da Cabala Judaica e da Bíblia
  Cristã. O Pow-wow se concentra na cura de doenças, proteção de animais,
  encontro do amor ou lançamento ou remoção de feitiços. Os que
  participam de Pow-wows consideram a si mesmos como cristãos dotados de
  poderes sobrenaturais.
  
• Bruxaria tradicional: a
  bruxaria tradicional freqüentemente segue a ciência, a história e a
  arte como seu fundamento. Embora compartilhe do mesmo respeito pela
  natureza que o bruxo wiccano (veja adiante), os bruxos tradicionais não
  cultuam a natureza nem o deus ou deusa da Wicca. Eles entram em contato
  com espíritos que são parte de um mundo espiritual invisível durante os
  rituais. A magia é mais prática que cerimonial e se concentra
  principalmente em ervas e poções. Essa seita da bruxaria também não tem
  nenhuma lei de não prejudicar alguém, mas acredita na responsabilidade
  e na honra. Feitiços e maldições, portanto, podem ser usados na
  autodefesa ou para outros tipos de proteção.
  
• Wicca:
  Wicca é uma das religiões pagãs modernas que cultuam a Terra e a
  natureza e tem apenas 60 anos de idade. Foi criada na década de 40 e 50
  por Gerald Gardner. Gardner definiu a bruxaria como uma religião
  positiva e afirmadora da vida, que inclui adivinhação, plantas
  medicinais, mágica e habilidades psíquicas. Os wiccanos fazem um
  juramento de não prejudicar com sua magia.
  

Wicca
capa do livro de gardner





A Wicca, uma religião pagã moderna que cultua a Terra e a natureza, foi estabelecida na década de 40 e 50 por Gerald Gardner (em inglês). Gardner definiu a bruxaria como uma religião positiva e afirmadora da vida. O tema central wiccano é "se não prejudicar, faça sua própria vontade". Gardner também relacionou essa definição a muitas práticas e habilidades de bruxaria que existiram por séculos e foram parte de muitas diferentes religiões e culturas. Essas práticas incluíram coisas como adivinhação (presciência), plantas medicinais, mágica e habilidades psíquicas. Toda a bruxaria moderna na Bretanha, Europa, América do Norte e Austrália evoluiu com base na definição e sistema de crença gardneriano.

Sem diabo
A Wicca não tem crença no diabo e não endossa a idéia cristã de inferno, portanto, a idéia de que os bruxos modernos cultuam o diabo não tem sentido. Há muitas definições conflitantes de "Wicca" e "bruxo", e mesmo os bruxos de hoje não concordam totalmente sobre como definir a si mesmos e sua religião. A maioria, contudo, se autodenominam bruxos e sua religião como Wicca. Há, na verdade, várias tradições wiccanas que têm crenças variadas, todas vagamente baseadas nos ideais gardnerianos. A maioria do que abordamos neste artigo é baseada na tradição gardneriana.

No Brasil, Claudiney Pietro, bruxo conhecido como Lugh é um dos ativistas mais dedicados à desmistificação da Wicca ou religião da Mãe-Terra. Segundo Lugh, todo bruxo procura viver em harmonia e respeitar todos os seres, procurando a única diretriz da Bruxaria chamada de "Dogma da Arte": "Faça o que quiser sem prejudicar nada e nem ninguém".

Para o bruxo Lugh, a chegada até a Bruxaria no Brasil, na maioria das vezes, vêm de uma busca religiosa capaz de acomodar diferentes pessoas, de diferentes idades e posições sociais.

Energia da magia
A crença wiccana é que quando os bruxos se unificam com as divindades através de rituais, eles entram em sintonia com a força vital geral ou energia cósmica. Isso permite que o bruxo controle de alguma forma essa energia (quer dizer, a energia de si mesmo e do seu ambiente) e direcione-a para a mudança "pessoal" através da magia.

A teoria acompanha o conceito científico de que toda matéria vibra com sua própria energia. A velocidade dessa vibração é ditada pelo movimento das moléculas que compõem o objeto. Se o objeto é sólido ou não, também é determinado pelo movimento das moléculas. De acordo com Feitiços para Covens, a energia do corpo do bruxo também tem uma vibração - tanto uma taxa física de vibração quanto uma taxa espiritual de vibração. Durante os rituais de aumento de poder, os bruxos acreditam que as moléculas de seus lados físico e espiritual se fundem para aumentar sua energia geral e criar um caminho para a energia fluir através deles. Para não esgotar suas próprias reservas de energia pessoal, eles também obtêm energia da Terra e do céu.

Praticando a Wicca
Tanto homens quanto mulheres podem ser bruxos. Os homens também são chamados bruxos, não magos. A palavra feiticeiro na verdade significa "quebrador de maldições" e data da época de caça às bruxas: foi usada para se referir aos que traíram outros bruxos e no mundo da bruxaria ela ainda tem uma conotação ruim.


Magia Comunitária, solstício de inverno de 2003

Uma pessoa não precisa de um "dom" para ser um bruxo wiccano, apenas treinamento. A Rede do Wiccano é a lei do bruxo e código de ética. Ela diz (em parte):

Deves obedecer a Lei Wiccana,
Em perfeito amor e perfeita confiança.
Cumpre essas oito palavras da Rede do Wiccano,
Contanto mal não haja, fazei o que quiserdes.
E lembra sempre da Regra Tríplice,
O que fizerdes a ti retornará.
Segue isso com a mente e o coração,
E feliz te reunirás e feliz partirás.

Consulte a Witches' Voice: a Rede do Wiccano (em inglês) para ler o texto completo.

O que isso significa é que os bruxos não devem realizar magia que prejudique outra pessoa. E se fizerem isso, retornará a eles triplicado. Portanto, se um bruxo enfeitiçar alguém, ele experimentará uma infelicidade três vezes maior. Essa é uma parte muito importante da crença do wiccano. A magia que realiza deve ser apenas para mudança pessoal.

Tipos de magia
A magia pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal. O tipo de magia (magia negra ou magia branca), junto com a intenção do bruxo, determina o resultado. Muitos bruxos, contudo, declaram que a magia negra pode ser usada para o bem, exatamente como a magia branca pode ser usada para o mal - tudo depende da intenção.

Aprendendo a arte




Os bruxos podem praticar sua arte em grupos, chamados de covens ou por conta própria como solitários. Os novos membros são recepcionados nos covens com uma cerimônia formal de iniciação. Na tradição gardneriana, há três fases de aprendizagem,
cada uma dura um ano e um dia. Os covens geralmente têm suas próprias
regras, procedimentos e nomes para essas fases, mas tendem a cair nas
seguintes categorias:

1. estudante/bruxo
   
2. praticante/sacerdote
   
3. instrutor/sumo sacerdote
   

Quando
um novo membro completa todas as fases, ele é um bruxo totalmente
maduro com o poder de realizar e participar em rituais formais. Na
seção a seguir, explicaremos os fundamentos dos rituais wiccanos. Mas
antes de adentramos nisso, vamos dar uma olhada em algumas das diversas
ferramentas do ramo dos bruxos. Acessórios para bruxos

Foto cedida pela Loja Pagã e Wiccana Akashan Pathways Athame

Athame (faca)
Uma
faca não é uma das peças do bruxo tradicional que você pode obter na
loja de fantasias, mas o athame é uma parte importante de muitos
rituais. Ela é uma faca de duplo gume com uma lâmina de cerca de 15cm
de comprimento. Não é afiada - ela é usada para marcar as bordas do círculo
e misturar o sal e a água que são usados para consagrar (ou tornar
sagrado) o círculo. Algumas vezes também é usado para entalhar símbolos
ou palavras em velas. O proprietário do athame marca o cabo ou a lâmina
com seu nome mágico e o guarda em um recipiente ou tecido branco. O
athame também é usado no Grande Rito (falaremos do Grande Rito
adiante) como um símbolo fálico, representando uma metade da união do
deus e da deusa dos quais uma nova vida surge. Sino
Alguns
bruxos usam um sino durante os rituais, mas não é oficial ou necessário
o uso de um. Alguns exemplos de quando um sino deve ser soado é quando
o círculo é aberto ou fechado, para invocar o deus ou a deusa ou
simplesmente para significar quando certas fases do ritual estão
terminando ou começando.

Foto cedida pela Loja Pagã e Wiccana Akashan Pathways Vassoura

Vassoura
Elas
são usadas para purificar uma área de energias persistentes (similar ao
uso da salva abaixo) antes de "lançar um círculo". Os círculos são
lançados antes de qualquer ritual. Boline (faca)
O boline
é outra faca usada nos ritos wiccanos. Em contraste com o athame, o
boline é muito afiado e é normalmente feito de cobre. Seu único uso é
para cortar ervas. Livro das Sombras
O Livro
das Sombras é essencialmente o manual do bruxo. Ele contém todas as
informações sobre rituais e feitiços de um bruxo (ou coven) em
particular. É o registro escrito de tudo que os bruxos nesse coven
precisam saber, como descrições e explicações de todos os sabás (logo
falaremos deles). Velas
Quando um círculo é lançado para um ritual, há quatro quadrantes
que representam o norte, sul, leste e oeste. Velas de quadrante de
cores específicas são usadas: o norte é verde (terra), o sul é vermelho
(fogo), o leste é amarelo (ar) e o oeste é azul (água). As velas são
colocadas no perímetro do círculo. Também há três velas usadas no altar
- a cor dessas velas representa o ritual sendo realizado.

Foto cedida pela Loja Pagã e Wiccana Akashan Pathways Caldeirão

Caldeirão
O
caldeirão é uma parte necessária da parafernália dos bruxos. Embora os
caldeirões fossem parte de quase todas as casas muitos anos atrás, hoje
são raramente vistos exceto no Halloween ou como decoração de jardim.
Mas os caldeirões com poderes mágicos remontam ao mito da Deusa Celta
Cerridwen, cujo caldeirão representou o ciclo de nascimento, renovação, renascimento e transformação. As bruxas de hoje geralmente acendem pequenas fogueiras ou incenso em seus caldeirões. O caldeirão também pode representar o útero durante o Grande Rito, que lembra a união do deus e da deusa, da qual a nova vida surge. Cálice
Um
cálice é usado em cerimônias para representar o princípio feminino da
água. O cálice também pode ser usado em lugar do caldeirão na
realização do Grande Rito, bem como em um rito "Bolo e Cerveja" em
que um copo de vinho é abençoado pelo Sumo Sacerdote e passado de membro a membro no círculo. Vestuário
O vestuário é opcional para a maioria dos rituais, embora a maioria dos covens exija que todos estejam de acordo em ficar vestidos de céu (nus) diante dos outros. Caso contrário, os bruxos usam robes longos, encapuzados de cores variadas, normalmente escuras. Paton
O
paton de um altar é um prato (ou disco) de metal ou madeira com o
desenho de um pentagrama. É usado no altar para apoiar as ferramentas
necessárias para a cerimônia e agir como um ponto focal. Pentáculo/Pentagrama
O
pentáculo é uma estrela de cinco pontas (um pentagrama) dentro de um
círculo. O pentáculo "em pé" ou pentagrama (uma ponta para cima, duas
pontas para baixo) é um símbolo amplamente conhecido da bruxaria. Os
pontos representam a terra, o fogo, a água, o ar e o espírito. O
círculo representa o deus e a deusa que permitem que a energia do
pentagrama seja focalizada. É o simbolismo da idéia de reunir o
espírito e a terra.

Foto cedida pela Loja Pagã e Wiccana Akashan Pathways Pentáculo

Foto cedida pela Loja Pagã e Wiccana Akashan Pathways Maços de sálvia

Sálvia
Antes
de um ritual, a área dever ser purificada. A sálvia é usada
freqüentemente (como uma vassoura, acima) para limpar a área de
energias indesejadas. Quando queimada, a sálvia cria uma fumaça densa e
acinzentada. Recipiente de sal
Outro agente purificador é
o sal. O sal normalmente está em uma concha ou prato de vidro. O sal é
misturado com água para representar os elementos terra e água para
consagrar o círculo. Cajado
Os bruxos podem usar um cajado como usariam uma varinha. O cajado normalmente é da altura do ombro. Espada
Alguns bruxos decidem usar uma espada em vez de um athame para marcar os limites do círculo. Incensório
O
incenso representa o elemento do ar. Quando queimado, também representa
o fogo, ambos usados para purificar a área ou as ferramentas sendo
usadas. O incensório geralmente é um pequeno caldeirão de metal ou
qualquer outro material resistente ao fogo.

Foto cedida pela Loja Pagã e Wiccana Akashan Pathways Varinhas

Varinha
Muitos
bruxos usam varinhas. As varinhas representam o fogo e a força vital do
bruxo. É um símbolo de poder, sabedoria e cura. A varinha, como a
espada, cajado e athame, pode ser usada para lançar o círculo. Também
pode ser usada para direcionar a energia durante um feitiço. Recipiente de água
O
recipiente de água usado na consagração do círculo pode ser qualquer
tipo de recipiente desde que seja grande o suficiente para suportar
três pitadas de sal e ser misturado com o athame. A água é outro agente
de purificação.

Preparando-se para a "magia"
A preparação do ritual é uma
diretriz básica da tradição gardneriana da Wicca. Outras tradições
apropriam-se extensivamente deste método, mas têm variações. A seguir
uma representação das etapas que podem ser seguidas na realização de um
ritual - como qualquer religião, as diferentes seitas têm diferentes
métodos e não há um único "modo correto" de realizar uma cerimônia.

• Purificação
  A
  primeira coisa que os bruxos devem fazer é purificar uma área circular
  para se livrar de quaisquer energias ou forças indesejadas. Um bruxo
  pode usar uma vassoura para limpar a área e/ou queimar um maço de
  sálvia, segurando-o sobre sua cabeça enquanto anda em um padrão espiral
  ao redor do círculo e fazendo uma pausa em cada um dos quatro
  quadrantes (norte, sul, leste e oeste). Cada bruxo participante do
  ritual também é purificado balançando incenso ao redor de seu corpo.
  
• Organizando o altar
  O
  altar é montado no lado leste do círculo com velas para representar o
  deus e a deusa, sal e água para purificação, os athames do Sumo
  Sacerdote e Sacerdotisa e incenso. Eles colocam velas de quadrante em
  cada um dos quatro quadrantes do círculo.
  
• Lançando o círculo sagrado
  O
  Sumo Sacerdote e Sacerdotisa lançam o círculo sagrado. Ele é
  considerado como um ponto em lugar ou tempo. O círculo é lançado
  através da marcação de suas bordas com um athame ou outra ferramenta
  como um cajado, espada ou varinha. Eles purificam a área novamente
  com sal e água. Eles colocam três pitadas de sal na água e misturam
  nove vezes com o athame. Então, essa mistura salgada é borrifada ao
  redor do perímetro do círculo. O incenso é aceso e transportado ao
  redor do perímetro do círculo.
  
• Invocando os quadrantes
  Os
  bruxos invocam juntos os espíritos dos quatro elementos: terra, fogo,
  água e ar. Os elementos são os guardiões que guiam e protegem os
  bruxos.
  
• Invocando a divindade
  Uma
  divindade tem de ser envolvida para realizar a magia, então é nesse
  ponto do ritual que as deidades são convocadas. Dependendo do ritual,
  poderia ser o deus, a deusa ou ambos. Eles são convocados pela
  recitação de invocações relacionadas ao ritual específico.
  

Até
esse ponto, tudo foi preparação para o ritual. É nesse momento que os
bruxos começam o verdadeiro ritual que estão realizando. Realização e encerramento do ritual
Há
muitas cerimônias e rituais realizados por bruxos wiccanos; portanto, o
Grande Rito é o principal, por isso o descreveremos aqui.

• Realizado o ritual
  O
  Grande Rito representa a união sexual do deus e da deusa, dos quais
  surge uma nova vida. Essa união não serve apenas para trazer boa
  colheita, mas também para continuar o círculo de vida de modo que o
  novo deus possa nascer em Yule (consulte a seção a seguir para aprender
  sobre Yule). Quando esse rito é realizado, pode ser tanto simbólico -
  usando o athame e o caldeirão para representar a união sexual - ou o
  ato sexual pode ser realizado pela Sumo Sacerdote e Sacerdotisa. Se o
  ato sexual for realizado, todo o coven deve estar de acordo de que é
  como querem que o Grande Rito aconteça, e a união real é feita em
  sistema privado, não com o restante do coven presente. Geralmente, o Sumo Sacerdote e sacerdotisa são casados. A versão simbólica
  do Grande Rito é mais comum. Nessa versão, o caldeirão ou cálice
  representa o útero e é segurado pela Sacerdotisa. O athame é a
  representação fálica e é segurado pelo Sumo Sacerdote. Este rito pode
  variar, mas em alguns covens a Sacerdotisa ajoelha no altar com o
  caldeirão em suas mãos diante do Sumo Sacerdote. O Sumo sacerdote fica
  diante dela com seu athame. Cada um recita linhas para trazer o Rei Sol para dançar com a Noiva da Primavera. Então, o Sumo Sacerdote abaixa o athame dentro do caldeirão à medida que ambos recitam palavras da Terra da Juventude, do Vinho da Vida e do Caldeirão de Cerridwen. O Sumo Sacerdote então pega o caldeirão, levanta-o no ar e proclama que esse rito simboliza a união do deus e da deusa.
  

Quando o ritual está completo, o círculo deve ser fechado.

• Fechando o Círculo
  As
  etapas do lançamento do círculo são refeitas, só que ao contrário. As
  deidades invocadas recebem agradecimento por sua ajuda, os quadrantes
  são liberados e o Sumo Sacerdote e Sacerdotisa "derrubam" o círculo
  andando ao redor do perímetro (na direção oposta de antes) com seu
  athame apontado para fora.
  

Os sabás wiccanos


Beltane 2004, um festival em Oxford, Connecticut
Parte da filosofia wiccana é o eterno círculo da vida. A Roda do Ano é essencialmente o calendário wiccano, e mostra o ciclo interminável.

O ano wiccano começa no sabá (dia sagrado) de Yule, quando a deusa dá a luz ao deus. O deus cresce forte através da primavera e verão, e então no outono, o deus e a deusa se unem. Nesse momento, a deusa fica grávida do novo deus. O antigo deus morre no Samhain (Halloween) para renascer em Yule. Esse ciclo é representando simbolicamente durante certos rituais e é conhecido como o Grande Rito (veja a seção anterior).

No Brasil, alguns seguidores da Wicca se adaptaram acomodando a roda do ano para seguir de acordo com a virada das estações. No entanto, devido à grande extensão territorial e ao fato do Brasil não possuir estações tão definidas, muitos wiccanos preferem manter as datas do hemisfério norte.

Há oito rituais de sabá durante todo o ano:

* Yule: celebrado no solstício de inverno e é a celebração da deusa dando à luz ao deus.

* Imbolc: celebrado no dia 2 de fevereiro, é o momento no qual os primeiros plantios das safras de primavera ocorrem. Também é considerado o momento de limpeza espiritual e renovação de votos.

* Ostara: celebrado no equinócio da primavera em março, esse sabá representa um novo começo, parcialmente porque marca o início de dias mais longos e noites mais curtas. Também marca a união do deus e da deusa e, portanto, simboliza a fertilidade.

* Beltane: celebrado em 1º de maio, representa o fim da estação de plantio e o começo da colheita. Também representa a fertilidade, já que a celebração geralmente envolve regras livres de fidelidade.

* Litha: celebrado no solstício de verão, este sabá representa o auge da força do Deus. Pode envolver fogueiras para espantar espíritos maus.

* Lughnasadh: celebrado em 1º de agosto, é o momento em que a deusa passa o controle ao deus. É o momento de banquetes e festivais da arte.

* Mabon: celebrado no equinócio do outono, Mabon representa o equilíbrio entre a luz e a escuridão e as noites começam a ficar mais longas que os dias. É oficialmente o dia pagão de Ação de Graças.

* Samhain: celebrado no Halloween, Samhain significa o fim do verão e o início do inverno. Nessa noite, diz-se que os mortos podem se comunicar com os vivos para visitar e celebrar com suas famílias.